Viagens de negócios: Para que não seja a sua última vez
Heloísa Noronha
Do UOL, em São
Paulo
Em algumas áreas
mais, em outras menos, volta e meia uma viagem a trabalho surge na agenda.
Independentemente do objetivo –fechar negócios, atualizar os conhecimentos em um
congresso ou visitar uma unidade da empresa– e do destino –um hotel fazenda no
interior ou um resort de luxo na África do Sul– há regras de etiqueta implícitas
que regem essas ocasiões. A primeira delas é não transformar o compromisso em
turismo, mas nem todo mundo se dispõe a segui-la à risca, o que pode comprometer
a mais promissora das carreiras. Veja quais são as principais gafes cometidas
nas viagens a trabalho e saiba por que é bom evitá-las:
Abusar do frigobar
Muita gente pensa: já que a empresa está pagando, por
que não? A companhia pode até pagar a conta, mas o excesso certamente
prejudicará a imagem do funcionário –e a chance de realizar viagens futuras.
Segundo a consultora de etiqueta e marketing pessoal Ligia Marques, o ideal é
consumir somente o necessário. "Deixe comidinhas e bebidas alcoólicas para
quando for pagar por elas", diz. Para Branca Barão, especialista em
comportamento humano e programação neurolinguística, atitudes como essa só
servem para revelar a diferença entre a forma como a pessoa se relaciona com o
próprio dinheiro e como lida com o dinheiro do outro. O comportamento mesquinho
em relação ao que é nosso e a ação de esbanjar o dos outros mostram duas
características reprováveis, segundo Branca: "Falta de compreensão do que o
dinheiro significa e falta de respeito e ética com o outro, o que é ainda mais
preocupante".
Exagerar no uso do telefone do hotel
Se o teor das conversas no telefone
for profissional, não há problema algum. Para uso pessoal, só se for algo rápido
ou emergencial, já que quase todo mundo tem celular, hoje em dia. Para Lícia
Egger Moellwald, da Intra Consultoria Empresarial, de São Paulo, quem comete
esse tipo de gafe pode ter segundas intenções. "Ás vezes, as pessoas querem
descontar o fato de trabalharem demais e passarem muito tempo longe de casa
através de atitudes que oneram os empregadores. Daí abusar do telefone sem pesar
se isso pode ou não custar muito caro passa a funcionar como moeda de troca e
vingança", declara a especialista.
Bancar o turista
"Turismo? Só depois que o trabalho acabar", afirma
Ligia. Mesmo que o destino seja imperdível –Paris ou Dubai, por exemplo–, tentar
encaixar passeios e programas de interesse pessoal na programação profissional
pode culminar em atrasos indesejáveis e comprometer os negócios. "Sem contar que
esse comportamento é uma demonstração de desrespeito ao trabalho", declara
Lícia. Deixe para conhecer a cidade somente após as tarefas do dia ou nas horas
livres.
Comportar-se como se estivesse de férias
Usar roupas
despojadas em um simpósio, querer falar de assuntos leves e contar piadas no
almoço de negócios, cair na balada todas as noites após a programação do
congresso. Colocar em primeiro plano o lazer e a diversão acaba com qualquer
expectativa de uma carreira de sucesso. Mesmo que os eventos aconteçam em um
resort na Bahia, não vá às palestras ou reuniões de bermuda. A mudança de
cenário não tira o caráter de seriedade e profissionalismo da viagem. Mesmo que
um ou mais colegas de equipe não tenham assimilado isso e apostem nos modos
informais o tempo todo, nada de imitá-los. "Pessoas que agem de determinada
maneira no ambiente tradicional de trabalho e se transformam quando a empresa
proporciona eventos em outros ambientes mostram que não são confiáveis, não têm
bom senso e que provavelmente fazem o mesmo quando o chefe se ausenta", diz
Branca.
Extrapolar ao fazer contatos
Conhecer gente nova sempre é bom e, em
circunstâncias profissionais, pode definir o futuro da sua carreira. O problema
é quando a pessoa se aproveita da viagem para tentar um novo emprego e exagera
na troca de cartões e distribui currículos como se fossem panfletos. Além disso,
também não é hora de paquerar. É óbvio que nem sempre há controle sobre isso –se
surge alguém interessante no caminho, por que não aproveitar a oportunidade? A
questão é que a ocasião tem outros objetivos, e essas circunstâncias funcionam
como uma espécie de teste. Tudo é observado e pode definir o que os superiores
pensam de um funcionário. "Observe a reação alheia. As pessoas costumam apontar
nossos comportamentos inadequados, seja com o olhar ou com a expressão facial,
mesmo que não falem nada", explica Branca. Uma troca de cartões ou e-mails é
mais do que suficiente para levar um contato, amizade ou paquera adiante, em um
momento mais propício.
Ignorar a cultura e as normas de etiqueta locais
Um dos principais
equívocos, principalmente em viagens internacionais, é ignorar culturas e
normais locais. "Conhecer de antemão como as coisas funcionam no lugar e se
informar sobre algumas particularidades ajuda muito”, diz Ligia. No Brasil, é
comum que as pessoas acreditem que somos queridos pelo jeito afável e flexível
com que conduzimos os relacionamentos interpessoais. Por isso mesmo, a maioria
de nós tende a acreditar que os hábitos culturais diferentes dos nossos não
devem ser motivo de preocupação. “Ledo engano. Dependendo da cultura do país e
das pessoas com as quais estamos lidando, é prudente saber as regras de etiqueta
para evitar deslizes que podem até comprometer um bom negócio”, declara
Lícia.
Ficar deslumbrado
Por maior que seja a surpresa ao chegar ao destino de
sua viagem, é bom agir com naturalidade. Isso evita gafes e situações
constrangedoras. Segundo Branca, há diferença entre aproveitar e "enfiar o pé na
jaca". Para pessoas bem resolvidas, estar em um bom hotel, com frigobar e
telefone à disposição, é algo normal. “Então, não aja como se fosse a última vez
na vida que pode desfrutar dessas coisas. Isso faz com que seja mesmo, afinal,
nossa forma de pensar é o que constrói nosso comportamento e nosso comportamento
define nosso futuro".

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